PORTFÓLIO EMANCIPAÇÃO DA HUMANIDADE
CURSO: FILOSOFIA
SEMESTRE: 3º E 4º SEM
Propomos a você uma Produção Textual Interdisciplinar Individual (PTI) com a seguinte temática: Emancipação da humanidade. Acreditamos que essa temática lhe permitirá articular a aprendizagem interdisciplinar dos conteúdos desenvolvidos nas disciplinas desse semestre.
No Brasil, em geral, o termo emancipação é conhecido como o ato jurídico que faz cessar o pátrio poder sobre um indivíduo relativamente incapaz ou, dito de forma compreensível, torna um adolescente de 16 ou 17 anos independente dos pais/responsáveis e com plenos direitos civis. Esse adolescente emancipado poderá, então, se casar, assinar documentos e contratos, viajar, comprar e vender bens móveis e imóveis, receber herança, entre outros direitos previstos para os cidadãos plenamente capazes.
Esse é um ato jurídico que pode ser feito de forma amigável, com o apoio dos pais/responsáveis de forma rápida e simples em um Cartório Notarial; ou de forma litigiosa, devido à oposição dos pais/responsáveis, por meio de um processo judicial. De qualquer modo, os pais/responsáveis ou o Juiz, ao decidirem emancipar o adolescente, além do que dispõe objetivamente o artigo 5ª do Código Civil de 2002; devem considerar também o espírito da Lei: a própria noção de emancipação. Isto é, devem se perguntar se esse indivíduo é capaz de tomar decisões por si mesmo ou, como diria Immanuel Kant (1724- 1804), se é capaz de se servir do seu próprio entendimento.
Mais do que ajudar a solucionar um problema jurídico individual, as discussões sobre esse tema na Filosofia procuram contribuir para a emancipação da humanidade. O que acha de nos aprofundarmos nessas discussões e descobrirmos como a filosofia e a educação podem mudar o nosso mundo? Para isto, leia atentamente a Situação Geradora de Aprendizagem e a Situação- Problema, pois elas deverão fornecer os elementos necessários para a produção textual que lhe propomos.
Situação Geradora de Aprendizagem (SGA)
Ao longo desse semestre você conheceu o caso de Kasper Hauser (1812-1833) um ser humano que supostamente viveu até seus 15 anos em cativeiro, quando foi abandonado nas ruas de Nuremberg portando apenas alguns objetos e uma carta explicando brevemente sua condição. No cativeiro – uma cela apertada, com uma cama de palha, dois brinquedos de madeira nos formatos de cachorro e cavalo e sendo alimentado apenas com pão e água – Hauser teria tido pouquíssimo contato com outros seres humanos e não aprendeu a falar uma língua completamente, apenas conseguia balbuciar algumas palavras e escrever seu próprio nome.
Além da dificuldade de relacionamento, considerando que a linguagem estrutura e organiza os nossos pensamentos, Hauser tinha dificuldades até mesmo de formar memórias, misturava realidade com sonhos. Porém, sua faculdade de aprender se mantinha razoavelmente intacta e com ajuda de tutores diversos aperfeiçoou sua linguagem e até foi empregado como copista em um escritório de advocacia em Ansbach. Em 1833, Hauser foi gravemente ferido com uma facada no peito e morreu alguns dias depois.
Assim como sua vida, a morte de Hauser está envolta em mistérios e especulações: foi assassinado ou tentou forjar um ataque para chamar a atenção? Independente das fantasias e especulações sobre o caso Hauser, o certo é que outras crianças já passaram por situações semelhantes (sobre isso ver TERCI, M. R. Criadas por animais. Aventuras na História, 12/10/2021. Disponível em https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-adotadas- pela-mae-natureza-criancas-abandonadas-criadas-por-animais.phtml Acesso em 27/06/2022) e esses casos nos ajudam a pensar a necessidade da sociedade no processo de formação e emancipação do ser humano: é possível afirmar que Hauser estava numa condição inferior aos homens presos na caverna na alegoria de Platão, pois sequer conseguia ver as sombras. Entretanto, ao ser educado por tutores e ao começar a interagir com outros seres humanos acabou por ser integrado na sociedade e conseguiu cuidar minimamente de si mesmo, se emancipar parcialmente. Agora, é preciso fazer algumas perguntas: O que é exatamente emancipar? É possível uma emancipação da humanidade como um todo? Como fazer essa emancipação? Diversas vertentes filosóficas estudadas ao longo do semestre contribuem para as respostas dessas perguntas, por exemplo: emancipar é saber viver com os prazeres simples da vida como queriam os epicuristas ou é conhecer o ser das coisas por meio da filosofia como pretendia Platão? Para alcançarmos essa emancipação o melhor método é a maiêutica de Sócrates na politeia de Aristóteles ou a educação formal da nossa Democracia Liberal? Ou, ainda, como propôs Kant:
[…] de um professor espera-se que, nos seus ouvintes, forme, primeiramente, o homem que entende, depois o que raciocina e, finalmente, o sábio. […] ele não deve aprender pensamentos, mas aprender a pensar; não se deve levá-lo, mas guiá-lo, se se pretende que no futuro ele seja capaz de caminhar por si mesmo. (KANT apud LIMA FILHO, J. E. Esclarecimento e educação em Kant: a autonomia como projeto de melhoramento humano Trans/Form/Ação, Marília, v. 42, n. 2, p. 59-84, Abr./Jun., 2019. Disponível em https://doi.org/10.1590/0101-3173.2019.v42n2.04.p59 Acesso em 27 de junho de 2022)
É nesse sentido que a situação-problema da nossa PTI tem o intuito de discutir o pensamento filosófico sobre emancipação humana e suas possibilidades de aplicação por meio da educação no mundo atual.
SITUAÇÃO-PROBLEMA (SP)
Mariana Latour, recentemente formada em Filosofia, foi convidada para fazer um teste em uma editora de livros didáticos, a aprovação no teste lhe garantiria um bom emprego por alguns anos. O teste consistia em elaborar um texto de orientação pedagógica para compor o tema emancipação no livro didático do professor, ou seja, Mariana deveria elaborar um texto contendo uma discussão filosófica sobre o conceito de emancipação, tendo como público leitor professores; e uma atividade que pudesse ser desenvolvida pelos professores em sala de aula com alunos do Ensino Médio.
Animada com as múltiplas possibilidades de elaboração do material, Marina pensou em uma estrutura básica para discutir o tema e não se perder:
- Introdução com uma definição básica da noção de emancipação, bem como uma discussão relacionando emancipação com o conhecimento humano (científico, tradicional, prático, linguístico ) e com o ambiente ético-político-social.
- Discutir o contexto histórico da Antiguidade Clássica e como alguns filósofos da época pensaram o processo de emancipação humana.
- Discutir o contexto histórico e a proposta de Emanuel Kant para emancipação humana, levando principalmente em consideração as noções de menoridade, maioridade, uso público e privado da razão.
- Considerações Finais sintetizando o que foi discutido e propondo uma pequena atividade que um professor possa realizar com seus alunos do Ensino Médio. A atividade deve ser uma das três opções a seguir: 1) redação com os pontos básicos que os alunos devem tratar, 2) questionário objetivo e/ou dissertativo com gabarito ou 3) dinâmica com a orientação metodológica.
Para desenvolver o trabalho, Mariana também pré-selecionou alguns textos: em primeiro lugar, todo o material que utilizou em seu curso de Filosofia. Em segundo lugar, alguns artigos científicos:
- LIMA FILHO, J. E. Esclarecimento e educação em Kant: a autonomia como projeto de melhoramento humano Trans/Form/Ação, Marília, v. 42, n. 2, p. 59-84, Abr./Jun., Disponível em https://doi.org/10.1590/0101-3173.2019.v42n2.04.p59 Acesso em 27 de junho de 2022.
- KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: o que é o iluminismo, in A paz perpétua e outros opúsculos, Lisboa, Edições 70, Disponível em http://www.uel.br/cch/his/arqdoc/kantPDEHIS.pdf Acesso em 27 de junho de 2022.
Agora, a execução dessa tarefa caberá a você, desenvolvendo adequadamente os pontos apresentados e observando a bibliografia indicada sem, necessariamente, limitar-se a esta. Conforme apresentado, o texto deve conter: Introdução, com 1 (uma) lauda; Discussão, com 2 (duas) até 3 (três) laudas; e Considerações Finais, com 1 (uma) lauda. Deve conter, também, Referências Bibliográficas com todas as fontes utilizadas na elaboração do texto e seguir rigorosamente as Normas da ABNT em todas as etapas do trabalho, sendo critério essencial para a realização do mesmo.
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